18 de dezembro de 2024
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O neoextrativismo e o Vale do Jequitinhonha como alvo dos interesses minerários

Nas últimas décadas, um novo modelo de desenvolvimento extrativista se consolidou na América Latina, sustentado pelo aumento dos preços internacionais das commodities primárias demandadas por países centrais e emergentes como a China. Trata-se do chamado “Consenso da Mercadoria”, uma nova ordem ideológica econômica e política que, além do crescimento econômico ostensivo, gera novos ambientes sociais, conflitos econômicos e políticos culturais (SVAMPA, 2013).

No Brasil, no setor de mineração, uma nova onda de extração em larga escala está ligada a esse processo mais amplo de reprimarização econômica. Grandes mineradoras intensificaram suas operações e ampliaram a produção, levando ao “emergir novas zonas de sacrifício, ou seja, novas fronteiras econômicas em torno da mineração, as quais avançam ferozmente sobre os territórios dos povos indígenas e das comunidades tradicionais” (ZHOURI, 2018, p. 14).

É neste contexto, que a descoberta de grandes jazidas de lítio no Vale do Jequitinhonha/MG aprofunda a histórica inserção da região na lógica da “maldição da abundância” (ACOSTA, 2009). O Médio Vale do Jequitinhonha entrou na rota dos minerais estratégicos figurando como a principal área produtora e detentora de reservas de lítio do Brasil (PAES et al., 2016). A região inseriu o Brasil no hall dos grandes produtores de lítio da América Latina, ao lado de Bolívia, Chile e Argentina.

O Vale do Jequitinhonha é uma das regiões com maior concentração de comunidades quilombolas do Brasil, contando  atualmente com 95 comunidades certificadas, segundo dados da Fundação Palmares (BRASIL, 2021). A região vê-se diante de megaprojetos de exploração de lítio que escancaram a contradição de uma região rica em recursos naturais e pauperizada pelos processos contínuos de expropriação e exploração. Trata-se de processos resultantes dos ditos projetos de “desenvolvimento”, que desconsideram as lógicas de vida das populações tradicionais, despojando-as de suas terras, de seus recursos naturais e de seus territórios.

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